terça-feira, 13 de setembro de 2011

HISTÓRICO DA ABADIA DE SANTA MARIA

HISTÓRIA DA ABADIA DE SANTA MARIA 

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FUNDAÇÃO

A história de Santa Maria foi escrita a seis mãos: duas do Abade Dom Miguel, OSB, duas da jovem Ana Abiah da Silva Prado e duas da Abadessa Madre Cecília Agnes Heywood, OSB. Dom Miguel Kruse, alemão de nascimento, tendo ingressado na Congregação Beneditina do Brasil em 1897 chega ao mosteiro de São Bento em São Paulo em julho de 1900, para ai ser o Prior, visto o mosteiro ter perdido recentemente seu Abade e estar também deserto, assim como toda congregação que aos poucos ia sendo restaurada. Anah Abiah da Silva Prado, paulistana da alta sociedade de então, membro do clã dos Prado, havia chegado recentemente  da Europa, onde passara parte da adolescência com a mãe  viúva e sua única irmã. Madre Cecília Agnes Heywood, abadessa da Abadia de Nossa  Senhora da Consolação em Stanbrook, Inglaterra, foi colaboradora de Dom Miguel e membro indispensável na fundação brasileira. Soube muito acolher e compreender bem as jovens brasileiras em seu mosteiro. Ainda na Europa, Ana Abiah ouvira os comentários violentos, provocados pela imprensa, a respeito dos monges da Restauração vistos como “invasores” pelos brasileiros. Dom Miguel e Ana Abiah conheceram-se em 1900, nesse contexto. Ela lhe havia pedido para ser atendida em confissão e também com o desejo de conhecer o Prior do São Bento, já mencionado pela imprensa. Dm Miguel passa a conhecer melhor sua dirigida, que se torna aos poucos sua filha espiritual. Reconhecendo os dotes intelectuais da jovem solicita-lhe algumas traduções para o seu jornal “O Estandarte Católico”. Percebe igualmente a vocação, mas aguarda que a própria jovem se manifeste. Em 1907, Dom Miguel lê o artigo publicado em sua revista alma, sobre a vida e morte da abadessa de Stanbrook, Madre Gertrudes d’Aurillac  Dubois, falecida aos 19 de outubro de 1987 em odor de santidade. Alimentando, desde algum tempo, o pensamento de trazer a presença das monjas beneditinas ao Brasil, Dom Miguel escolhe a Abadia de Stanbrook para a realização dessa obra. É interessante notar que Madre Gertrudes, já moribunda, tem como que uma visão  sobrenatural do futuro de sua Abadia: “vê” que um dia chegaria em Stanbrook um jovem de terras longínquas para ai receber a formação monástica e levá-la ao seu país de origem. Em março de 1907, Dom Miguel comunica a Abiah seu projeto de fundação, ao mesmo tempo que Abiah lhe revela seu desejo de tornar-se monja beneditina. E o sonho de Madre Gertrudes torna-se realidade quando Abiah entra em Stanbrook a 14 de setembro de 1907, recebendo o nome de Irmã Gertrudes em homenagem a Abadessa falecida; mais tarde lhe será acrescentado o nome de Cecília, em homenagem à sua Abadessa Madre Cecília. Nesse mesmo ano, no Brasil, Dom Miguel é nomeado Abade do mosteiro de São Bento em São Paulo. Irmã Gertrudes passa quatro anos em formação na Abadia Inglesa. Enquanto recebe a formação, chegam do Brasil mais quatro vocações e da Bélgica igualmente uma vocacionada para a fundação brasileira. Esta jovem belga morre prematuramente sem concluir sua formação e uma das brasileiras desiste. Enquanto irmã Gertrudes está no noviciado, expõe seus motivos para não aceitar jamais o cargo de Superiora da fundação, e coloca sua recusa como condição para retornar ao Brasil. Dom  Miguel pede então a Madre Cecília que escolha monjas inglesas para  integrar o grupo fundador, inclusive que escolha dentre elas a que será a Prioresa da fundação. Madre Cecília escolhe três monjas de sua comunidade que irão por três anos. E nomeia com Prioresa Madre Domitilla Tolhust, formando assim o grupo fundador:  1.Madre Domittila Tolhursk, prioresa Stanbrook 2.Irmã Mechtildis Knight, sub prioresa, Stanbrook 3.Irmã Agnes wood, Stanbrook 4.Irmã Gertrudes Cecília da Silva Prado, São Paulo 5.Irmã Maria da Consolação Ariani, Bahia 6.Irmã Plácida de Oliveira, Rio de Janeiro 7.Irmã Mectildes Gurjão, Ceará  As duas ultimas brasileiras vêem como  noviças, sendo que Irmã Plácida professora em 1912 e Irmã Mactildes deixa o mosteiro. Em São Paulo Dom Miguel se encarrega de providenciar a construção do mosteiro das monjas, utilizando para isso a fortuna de Irmã Gertrudes. Não podemos deixar de notar o zelo de Dom Miguel desde os inícios da fundação, por tudo o que se referia a mesma. Visita  Irmã Gertrudes e o grupo das brasileiras por três vezes em Stanbrook; aproveita para conhecer o interior da Abadia Inglesa tendo em vista a construção no Brasil. E quando o grupo chega ao Brasil, ele mesmo lhes dá assistência espiritual: missa celebrada por ele quase que quotidianamente, conferências, confissões, ocupa-se também com a formação intelectual da jovem comunidade providenciando dentre seus monges professores de latim, canto gregoriano, grego e hebraico. Canaliza  a espiritualidade da  comunidade para a verdadeira espiritualidade beneditina no que diz respeito ao estudo da sagrada escritura, Regra, Patrologia, bem como da Liturgia. Irmã Gertrudes deseja que o novo mosteiro esteja em lugar tranqüilo da cidade, assim como o de Stanbrook é distante do povoado. Finalmente , efetua-se a compra do terreno em 1910, estando o mesmo em lugar erma da cidade. Justamente sessenta e cinco anos depois, tornou-se necessário transferir o mosteiro para  a periferia de São Paulo por causa da urbanização. Quanto ao nome do mosteiro, Irmã Gertrudes deseja que seja o mesmo da Abadia fundadora; mas Madre Abadessa Cecília Agnes Heywood pensa em colocá-lo sob a proteção da Imaculada Conceição, devoção tão cara aos brasileiros, como Padroeira do Brasil. Como  o nome ainda estivesse indefinido, Irmã Gertrudes percebe como sinal da vontade de Deus, com a morte da jovem belga sua companheira dd noviciado, que o mosteiro brasileiro deveria estar sob a proteção da Imaculada devido essa morte ter ocorrido na vigília da Solenidade da Imaculada, 7 de dezembro. Quanto ao lema, foi escolhido “Rorate caeli desuper”.   


MOTIVAÇÃO  

A preocupação de Dom Miguel é que fosse o novo mosteiro instalado o quanto antes, porque segundo ele, “nossa maior necessidade em São Paulo é de orações”. Manifestou isto em carta a Irmã Gertrudes, logo após sua visita a Stanbrook em 1910 (carta de 27.01.1910). Igualmente  o Senhor Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, que por ocasião do lançamento da pedra fundamental em 19.05.1911, escreve a Irmã Gertrudes dizendo-lhe que “não vê a hora de termos aqui suas orações para atrair abundância  de bênçãos para o clero e especialmente  pelo Arcebispo”. É chegado o momento de voltar ao Brasil. O grupo são da  Inglaterra dia 29 de setembro de 1911. acompanham-na, Dom Miguel Kruse, OSB e um monge inglês, Dom Dunstan Sibley, OSB destinado a auxiliar Dom Miguel junto à Colônia Inglesa estabelecida em São Paulo. A viagem segue seu curso normal até que se espalha pelo navio uma epidemia muito comum na travessia do Equador, fazendo cerca de sessenta vitimas, dentre as quais se encontra nossa  Prioresa, Madre Domitilla Tolhurst. Os casos são logos sanados, exceto o de Madre Prioresa que se agrava com forte dor de garganta e febre. O médico de bordo é chamado e cauteriza-lhe a garganta;  ela desmaia imediatamente e é transportada para a precária enfermaria do navio. Seu estado se agrava dia a dia. Já entrevendo a costa brasileira, Madre Prioresa exclama: “Esta é a terra das terras, a terra de toda gente!” Dia 11 de outubro, o médico percebe uma pequena inflamação nos pulmões. Esta progride violentamente a ponto de  quatro dias depois estar com pneumonia dupla. Na enfermaria do  navio é impossível um tratamento adequado. No entanto madre Domitilla ainda tem esperança de viver e pede  a Dom Sibley que reze para que “se for a vontade de Deus, ela possa realizar esta fundação”. Ao mesmo tempo, pede para estar a sós com Dom  Miguel e manifesta-lhe o desejo de que a Irmã Gertrudes seja a  Prioresa da fundação, caso ela venha a morrer. Dom Miguel chama Irmã Gertrudes e pergunta-lhe junto ao leito da enferma se está disposta a fazer sempre a vontade de Deus. Na manha do dia 15 de  outubro, Santa Teresa de Ávila padroeira da fundações, Madre Domitilla é ungida e morre pouco antes da meia-noite. Note-se que Madre Domitilla torna-se a segunda “pedra” da fundação, uma vez que a jovem professa Irmã Escolástica de Vroey tinha sido a primeira. O navio só chegaria ao Rio de janeiro na tarde do dia 16 e o Capitão, temeroso por causa da doença, declara que se não garantissem a retirada imediata do corpo logo que chagassem ao porto, Madre Domitilla seria sepultada no mar. Dom Miguel entra em contato com o mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro e através de Dom Gerardo Van Caloen, Arquiabade de então, e do Abade coadjutor Dom Crisóstomo de Saegher, consegue a retirada do corpo a tempo. O esquife segue pra a igreja Abacial do Mosteiro onde o corpo é velado até o dia seguinte, quando seria o enterro no Cemitério de São João Batista. Em 1916, os restos mortais da primeira Prioresa foram transladados para a Abadia de Santa Maria onde repousam numa pequena sepultura de mármore branco ao redor da sala capitular. O transatlântico “Aragon” devia seguir viagem para Santos. Ai chegando, as fundadoras seguem de trem para São Paulo. Porém, a construção estando ainda inacabada, ficam as monjas hospedadas por cinco semanas no Sanatório Santa Catarina, também fundado por Dom Miguel Kruse. Ali as Irmãs  do hospital reservam uma improvisada clausura para a pequena comunidade. Dia 23 de outubro, chega de Stanbrook um telegrama nomeando Irmã Gertrudes Cecília da Silva Prado, OSB Prioresa da fundação.   


DESENVOLVIMENTO 

Finalmente, no dia 24 de novembro de 1911, entram definitivamente na clausura. Nos primeiros tempos, a comunidade conhece toda sorte de provações, próprias de todo inicio de fundação: falta de pessoal, sobrecarga de trabalho, saúdes abaladas e instabilidade das primeiras vocações. Aos poucos, porém, vai se firmando a jovem “Santa Maria”, a ponto de sete anos depois da  fundação, o mosteiro poder ser elevado à categoria de Abadia. Dom Miguel foi o responsável por este acontecimento: não descansaria enquanto não visse realizado seu sonho de uma Abadia feminina no Brasil. Escreve ao Abade Primaz, Dom Fidelis Von Stozingen, apresentando-lhe razoes para que isso pudesse acontecer. Dia 23 de fevereiro de 1918 chega o Breve apostólico do Papa Bento XV que elevava o Priorado em Abadia e nomeava Madre Prioresa Gertrudes Cecília, sua primeira Abadessa. Madre Gertrudes foi abençoada aos 8 de abril de 1918 e seu lema foi “ipse pax meã”. Desde o inicio da fundação, Madre Mechtildis Knight, uma das monjas inglesas que viera para a fundação, foi o braço direito de  Madre Gertrudes. Ocupou o cargo de prioresa até 1926, tendo que  deixá-lo  por motivo de saúde; transfere sua estabilidade para nossa Congregação Brasileira em 25 de janeiro de 1920. Quanto  à Irmã Agnes Wood, voltou para sua Abadia Inglesa em 1919, tendo servido na fundação durante oito anos.  Em 1926 Stanbrook ainda nos envia duas monjas Inglesas, Irmã Maura Heywood e Irmã Joana Hopkins, sendo esta ultima prioresa até 1928, quando as duas são obrigadas a retornar a Stanbrook por motivo de saúde. A comunidade dedica-se no inicio da fundação, de 1914-1921, a uma pequena escola claustral a exemplo de Stanbrook. E no  ano 1929 abre uma tipografia, onde se imprimem livros, folhetos e estampas. Unidos ao trabalho de impressão, estão os trabalhos de confecção de paramentos litúrgicos. Ainda no ano de 1929, destaca-se a morte de Dom Miguel Kruse, OSB. Este fiel irmão e amigo foi quem primeiro desejou a fundação de um mosteiro feminino no Brasil e foi ele escolhido por Deus para levar a cabo esta obra. Juntamente com Madre Gertrudes Cecília  da Silva Prado, OSB, estabeleceram este mosteiro nas terras de Santa Cruz onde hoje florecem abundantes graças através dos  outros mosteiros nascidos desta primeira semente. Semente esta cultivada na secular Abadia Inglesa de Nossa Senhora da Consolação, que por sua vez nasce de um gérmen de martírio e santidade.   FUNDAÇÕES  Tal foi a fecundidade da vida monástica feminina no Brasil, que em 1941 sai a primeira fundação da Abadia de Santa Maria. Algumas jovens argentinas são enviadas ao Brasil pelo prior beneditino André Azcarates que também desejava a presença das monjas na Argentina. Madre Gertrudes abre seu mosteiro para receber e formar estas jovens à semelhança  de Madre Cecília de Stanbrook que recebeu um dia as jovens brasileiras com a mesma finalidade. Dia 10 de março de 1944 morre Madre Gertrudes sucedendo-lhe no cargo Madre Rosa  de Queiroz Ferreira, OSB cujo lema abacial era: “Dominus regit me”. E a segunda fundação é feita em 1949 em Belo Horizonte  (MG), Abadia de Nossa Senhora das Graças. Em 1960 é a vez da terceira fundação em Juiz de Fora, MG Abadia da Santa Cruz. E finalmente, nos anos do pós-Concilio, 1974 sai a terceira e ultima fundação: Abadia Nossa Senhora da Paz em  Itapecerica da Serra-SP.  


TRANSFERÊNCIA  

Em 1973 a Abadia de Santa Maria vê-se na necessidade de transferir-se para a periferia de São Paulo. Esta transferência foi motivada por um desejo do então Senhor cardeal Arcebispo de são Paulo, Dom Angelo Rossi, que queria primeiramente, faze da Abadia de Santa Maria uma Paróquia, não sendo isto possível, pediu uma parte do terreno da Abadia para ai instalar uma paróquia. Segundo  ele, “a região centro carecia de paróquias”. Madre Rosa juntamente com a comunidade viu que isto seria impossível, pois conciliar as atividades monásticas como a celebração do Oficio Divino, por exemplo, com as atividades paroquiais, como exéquias, casamentos, grupos de pastorais, etc seria impossível. A tudo isto veio juntar-se a questão da urbanização rápida da cidade: a poluição sonora que impedia a execução do canto durante o Oficio Divino; o  aumento extraordinário de prédios em torno do mosteiro, traziam a constante sensação de estar a Comunidade monástica sendo invadida em sua privacidade e finalmente o boato que se ouvia da construção em um novo viaduto, passando este por uma parte de  nosso terreno. Eram os sinais claríssimos da vontade de Deus mostrando ser a HORA da transferência da Abadia. Vendeu-se o terreno dividindo-o em três partes. Foram  construídos onze prédios no terreno: dez nas duas primeiras partes e um na terceira parte, o que possibilitou a compra e a construção do novo mosteiro ao sopé da Serra da Cantareira. Saindo do antigo mosteiro, a comunidade ficou “exilada” por seis meses num sitio das Irmãs Passionistas na região de São Roque-SP enquanto era construído o novo mosteiro. Dia 26 de novembro de 1976, a Comunidade entrou definitivamente em sua nova Abadia. Ali , dia 28 de abril de 1978 deu-se a renúncia de nossa segunda Abadessa e aos 5 de maio a eleição da terceira Abadessa na pessoa de Madre Maria Teresa Amoroso Lima, OSB, seu lema: “Service cum laetitia”.  

ATUALIDADE 

Oferecemos o trabalho de atendimento espiritual individual ou em grupo bem como o serviço de catequese para crianças e adultos. Há ainda à disposição de grupos das paróquias a Casa Betânia que oferece um espaço do jardim as pessoas que buscam um lugar de oração e paz (no momento se encontra em reforma). A hospedaria está disponível para pessoas que desejam fazer retiro. Todos que freqüentam o mosteiro, estão convidados a participar das Horas Canônicas dos Ofícios celebrados sete vezes ao dia em gregoriano na igreja do Mosteiro. Atualmente a Comunidade dedica-se aos trabalhos de fabricação de licor, biscoitos, sorvetes, doce de frutas, estampas e caligrafia; o cultivo de ervas medicinais não só é usado na fabricação do Licor Medicinal de Ervas Finas, mas também se encontra disponível em embalagem individual para chás.   


OS  OBLATOS BENEDITINOS    
             
Irmãos que partilham  dos mesmos propósitos e ideais de nosso pai São Bento, servir a Cristo. Os oblatos beneditinos, participam e tem direito a todos os bens espirituais do mosteiro, buscando viver no mundo a espiritualidade beneditina. Querido irmão se você tem o desejo de testemunhar a cristo no mundo, vivendo uma forma de vida  baseada no trabalho, estudo e oração venha nos conhecer. Nossa peregrinação neste mundo é breve devemos viver de forma que “nada  se anteponha ao amor de Cristo”.  

U.I.O.G.D   

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